"Thriller" foi o primeiro disco que tive. Sei-o de trás para a frente e, tal como os milhões de fãs nos anos 80, imitava os seus passos de dança da melhor forma que conseguia. Voltei a ouvir o disco recentemente e não envelheceu um único acorde, permanecendo genial e resistente à desfiguração do seu criador, cada vez mais estranho e desligado do mundo real.
A sensação que fica é algo triste, uma estrela que já foi "bigger than life" desaparecer num momento de declínio tão obscuro. Que o seu passado recente não faça esquecer a genialidade do homem que, em muitos sentidos, revolucionou a indústria musical como poucos conseguiram fazer.
Em várias ocasiões, cantei a canção "Billie Jean" em palco, mas este senhor deu-lhe uma vida própria. Aqui fica uma versão apropriada para o momento:
Por mais vezes que já tenha passado por aqui, este é sempre um dia fabuloso na minha vida musical. Entrar no estúdio é uma espécie de ritual que me leva para outro momento da minha vida, o início de uma aventura ainda vaga e fugidia. Arrumar os instrumentos em caixas para voltar a desencaixá-los noutro sítio, longe de tudo e de todos. As mil ideias e emoções que atravessaram a minha cabeça, corpo e coração prestes a serem agarradas sob alguma forma musical, a concretização de tudo o que, até agora, era algo abstracto a habitar a minha pessoa.
Começo hoje a gravar o sucessor de “Dreams In Colour”, um misto de medo e entusiasmo embrulhado em canções e sequências de acordes. Desta vez vou para estúdio apenas com o meu produtor, Nélson Carvalho, e vou gravar as novas canções de forma um pouco diferente do disco anterior. Nos próximos dias estarei agarrado a todo o tipo de instrumentos musicais e máquinas cujo prazo parece ter passado há muito, na esperança de encontrar aquilo que procuro. Não terei muito tempo para actualizar este blog, mas poderão acompanhar o processo através do Twitter.
E agora vou desaparecer na bruma do estúdio, um grande abraço a todos!