Esta digressão já nos levou a teatros lindíssimos, mas nenhum é comparável ao Theatro Circo de Braga. Arrisco mesmo a dizer que é o sítio mais bonito onde toquei em toda a minha vida, uma sala encantada vinda de um outro tempo que não o nosso. A sala cheia e entusiasmada sob as luzes de palco e da bola de espelhos gigante é uma imagem que vai ficar comigo durante muito tempo. Um dos melhores concertos desta tour, sem dúvida nenhuma.
Mas comecemos pelo princípio...
À porta do restaurante onde almoçámos, o resquício do dia dos namorados ainda se fazia sentir. Gosto da confusão temática destes autocolantes onde tudo é cruzado no mesmo contexto, a mensagem do amor misturada com a proibição tabágica.
A viagem foi longa, o que permitiu um pouco de tudo. De conversas técnicas sobre pedais de guitarra a pequenas sestas improvisadas em cima de camisolas dobradas, tudo é válido. Se houvesse um prémio para a banda mais nerd de Portugal, a nossa estaria na corrida para os lugares cimeiros. Um dos pontos altos ocorreu quando pedi um cabo USB ao Ricardo Fiel (que estava sentado mesmo à minha frente) não através de um som ou palavra, mas sim através do Messenger. Como diria a minha avó, é o Apocalipse, está perto.
Antes do espectáculo, o ambiente era de euforia. Acho que todos vimos aquela sala como um sítio especial e que iria ajudar-nos a fazer desta noite algo de diferente. E foi mesmo isso que aconteceu.
Imediatamente antes de entrar em palco, cruzei-me com o staff do teatro, aqui a contar os bilhetes da noite. Não via uma cena destas a processar-se desde 1998, onde eu próprio acabei a noite a contar bilhetes numa discoteca algarvia. A boa disposição imperava aqui também e fotografei-os para a posteridade.
E sim, são mesmo as maçanetas da porta de entrada do teatro.
Depois de tudo terminado, tive oportunidade de conhecer algumas das pessoas que tinham estado no teatro nessa noite e de reencontrar outras, como estas raparigas que conheci noutra ocasião. Não resisti a fotografá-las com as t-shirts alusivas aos temas do disco, feitas pelas próprias.
Fiquei contente de saber que os pins voltaram a estar na moda, eu que percebo muito pouco dessa coisa a que chamam “tendências”. Eu tendo sempre a vestir a mesma coisa, no matter what, mas é bom ver um dos adereços da minha adolescência voltar em grande.
A certa altura, alguém me pede para eu escrever alguma coisa para alguém que não estava presente e tira este bloco do bolso. Senhoras e senhores, é a isto que se chama coragem. Exibir sem qualquer pudor um bloco de notas pessoal que fale do síndroma do intestino irritável não é para todos, só para os destemidos. É certo que a conversa tomou um rumo inesperado, mas outra coisa não seria de esperar.
Já no final da noite, ainda havia t-shirts alusivas a canções. Aqui está mais uma orgulhosa autora de um fashion statement.
Uma hora depois, encontrei-me com a minha banda numa discoteca em Braga. Apesar das discotecas em geral não serem um dos meus sítios preferidos para estar, valeu pela frase da noite. Um rapaz dirigiu-se a mim e, depois de confirmar a minha identidade, disse-me com uma confiança desmedida: "Epá David, eu sou teu ídolo!". Provavelmente ele não se lembrará de o ter dito, mas eu nunca me esquecerei.
Durante todo o dia, uma canção rodou mais que todas as outras. Apesar de não ser um apreciador extremo do trabalho deste senhor, esta canção é já uma das maiores do ano. Uma daquelas que abanam o ouvinte de forma brusca e emocional. E como se não bastasse, um vídeo magnífico a acompanhar, ora vejam lá: