Algo que se aprende de forma lenta na vida adulta é que o tempo não dá para tudo. Ou melhor, aprende-se a adaptar o dia-a-dia de forma a tentar encaixar tudo aquilo que se ambiciona para ele. Ganha-se numas e cede-se noutras, that’s the way it goes.
Uma das coisas que não consigo encaixar nos meus dias é a visita regular às salas de cinema. Entrar numa sala e sentar-me durante duas horas a ver a projecção na tela grande é coisa rara nos tempos que correm, com alguma pena minha. Paradoxalmente, vejo mais filmes em casa num mês do que num ano de salas de cinema, talvez por obedecerem aos meus horários e flexibilidades. Vejo filmes de seguida ou em fascículos, em viagem, nos hotéis, nos computadores e nos ecrãs que apanhar. Escolho-os conforme as plataformas (que piada poderá ter o director’s cut do “Blade Runner” num ecrã de um portátil?) e conforme os humores. Não acompanho séries na TV, mas devoro-as em DVDs. E, ocasionalmente, lá estou na sala para ver a projecção como deve ser.
É por essa razão que é raro conhecer os filmes do momento, vejo-os mais tarde quando aparecem em aluguer ou venda directa. Gosto especialmente dos videoclubes, das prateleiras, da aventura do filme completamente desconhecido, da surpresa e da desilusão que cada um pode conter. Foi assim que descobri verdadeiras pérolas e outras que foram uma pura perda de tempo. Percebi que me tinha tornado um cinéfilo caseiro quando, a propósito da edição dos Óscares deste ano, um jornalista me questionou acerca dos meus favoritos...não tinha visto um único candidato ao prémio. “Talvez daqui a 2 ou 3 meses já lhe saiba dizer...”
Foi assim que aterrou no meu ecrã, alguns meses depois das salas, o melhor filme que vi em 2008 (pelo menos, até Junho!). “The Assassination of Jesse James By The Coward Rober Ford” de Andrew Dominik, quase que um novato nestas andanças, é um dos mais poderosos filmes que já testemunhei. É raro o momento em que a fotografia, encenação, argumento, música, montagem, realização e actores magníficos se cruzam de forma tão brilhante quanto esta.Se todos os filmes fossem assim, talvez voltasse mais rapidamente às salas de cinema, arrependido por não usufruir do grande formato e da companhia de estranhos. Este é para voltar a ver e a rever, uma lição de cinema perfeita.
Outra lição de cinema é o final da maior série televisiva de sempre, “The Sopranos”. Como grande fã da série, só agora tive oportunidade de ver a sua conclusão. E a curiosidade era grande, como se acaba uma série que nunca teve um momento mau? Como será a última cena de uma saga de anos? A resposta foi algo inesperada mas absolutamente brilhante. Em vez de um Big Bang, a série acaba com uma sequência de 5 minutos que merece ser vista e revista, por conter nela a sensação e essência que a atravessa sem recorrer a artifícios extremos nem a concessões de um grand finale. Está disponível no YouTube e tudo, mas não a deixo aqui senão estrago tudo a quem não consegue resistir à oferta irresistível de um link por clicar.
Olá David! Adorei o concerto em Esposende, apesar da falha de energia não ter permitido o 2.º encore. Foi um espectáculo absolutamente fantástico... Os meus parabéns por todo o trabalho que tens feito até agora e que eu adoro, desde o Silence Becomes It até ao Dreams in Colour! Obrigada pela música, pelos espectáculos, pelas imagens, pelas palavras... Beijos
se queres uma sugestão para em que " a fotografia, encenação, argumento, música, montagem, realização e actores magníficos se cruzam", Atonement é um excelente exemplo disso...
Gostei de te voltar a ouvir, desta vez em Cantanhede. Apesar dos cromos que estavam lá ao meu lado a gritar e não te deixavam falar, foi muito bom. Como sempre, surpreendeste :) Um dia, gostava de te conhecer. Acho que serias uma grande influência, tanto a nível musical como...não musical :) Pode ser que um dia isso aconteça Até lá, um abraço,
A prova, portanto, de que ainda não entrei na vida adulta, é que encaixo tudo e invento tempo nos intervalos do tempo para fazer as coisas que me parecem impossíveis de perder... como ir ver o Indy IV para sair de lá a sentir que voltei a ter 6 anos e a ver efeitos especiais que fazem sonhar, desta vez sem os pais preocupados que eu me impressionasse com caveiras e tiroteios. Well, I'll sleep when I'm dead. Regards********
Alô David! Acho excelente no meio de tanta azáfama que tens tido, ainda arranjares tempo para veres uns dvd's :D Eu já ha algum tempo que queria ver o Assassination of Jesse James q quando li a tua critica resolvi ver mesmo o filme. Sem dúvida que é fantástico, tanto que nem consigo eleger a melhor interpretação, além da banda sonora, realização, argumento, fotografia...Amazing! Obrigada por partilhares connosco os teus gostos cinematográficos! Olha eu recomendo-t tal como alguém ja referiu o Into the Wild, outros 2 filmes com interpretações fabulosas d Brad Pitt - Se7en e Fight Club; Beleza Americana, América Proibida, Finding Neverland, Amor Cão, Ciência dos Sonhos e Requiem for a Dream. Vê se descansas David que têm sido concertos atrás de concertos! Lá estaremos na segunda em Cantanhede =D Beijinho!
olá david ! sou uma leitora regular do teu blog e achou-o fantastico pelo simples facto de falares de coisas banais e corriqueiras, quer seja um filme ou algo que tenha acontecido no teu dia. espero ver um concerto teu em breve !!
Sou teu fã e achei curioso que viagei com a minha mulher no dia 12 de Junho de férias para Itália e fizes-te o check-in ao nosso lado. Como soubemos posteriormente que ias para Milão achamos engraçado cruzarmo-nos. O mais fantástico de tudo é que fomos para uma localidade Riccione que fica a 140km de Bolonha e no nosso carro alugado ouvimos-te na rádio local chamada RADIO BRUNO com a canção SUPERSTAR. Dissemos juntos: o David já é uma superstar internacional, até passa numa rádio local!!! 1 abraço e continua a fazer boa música. José Manuel
Sendo um leitor mais casual do que diário do teu blog, a verdade é que me é agrada bastante esta simplicidade de falar de coisas que simplesmente passam por nós. Vi agora os tais 5 minutos finais dos Sopranos em que algo parece ir acontecer e que afinal não acontece... ou talvez simplesmente seja só aquilo que tem de acontecer. Muito boa esta série... Penso que vale a pena,caso não o tenhas feito, ver outro vencedor de óscares "No Coutry for Old Man". Obrigado pela boa música que fazes.